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10/09/2013

Um ano de SciELO Livros no ar, 2 milhões de downloads

Fernanda Marques


Livros que podem contribuir para a elaboração de monografias, dissertações e teses, o aperfeiçoamento profissional e o enriquecimento da bagagem cultural: mais especificamente, no momento em que esta matéria começava a ser escrita, já havia 253 dessas obras em acesso livre no portal SciELO Livros, lançado em março de 2012. Ao completar um ano no ar, o projeto apresenta um balanço bastante positivo: as editoras da Fiocruz, Ufba e Unesp, líderes do consórcio que financia e desenvolve o SciELO Livros, acrescentaram dezenas de novos títulos ao portal; juntaram-se à iniciativa as editoras de outras três universidades públicas (UEPB, UEL, UFSCar); uma coleção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro já está disponível; é crescente o número de pedidos de avaliação para que novas obras e instituições sejam incluídas.

 

E o mais importante: todo esse material está chegando aos leitores – já foram feitos quase 2 milhões de downloads de livros completos (sem contar os de capítulos, que podem ser baixados individualmente). Todos os títulos estão disponíveis em dois formatos: PDF e Epub. Este permite adaptar e otimizar a apresentação do conteúdo em diferentes dispositivos usados para a leitura de e-books.

Entretanto, ao completar um ano no ar, o SciELO Livros também traz uma novidade que, embora prevista desde a concepção do projeto, talvez cause espanto a alguns usuários. Além dos livros em acesso livre, o portal passa a oferecer também títulos na modalidade comercial – a comercialização é feita por meio de uma parceria com a Kobo. À primeira vista, isso pode até parecer um contrassenso, opondo-se à política do SciELO de ampliar e democratizar o acesso aos conhecimentos científicos. Contudo, as diretrizes do SciELO continuam as mesmas.

“O objetivo central do SciELO é fortalecer a pesquisa brasileira e a visibilidade, o uso e o impacto dos seus resultados por meio da indexação, publicação e disseminação de periódicos e livros de qualidade científica”, reafirma o coordenador do Programa SciELO da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Abel Packer. “Quanto à distribuição dos livros, a prioridade do SciELO, em 2013, é maximizar a presença desses títulos em todos os principais índices nacionais e internacionais, com ou sem fins lucrativos, de modo que qualquer pesquisador ou usuário, em qualquer lugar do mundo, possa recuperar, acessar e fazer download das obras de interesse, seja na modalidade de acesso aberto ou na comercial”, completa.

Resta ainda a pergunta: se a política do SciELO não mudou, qual a finalidade da comercialização dos livros? Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que as editoras universitárias não buscam o lucro, mas requerem uma autossustentabilidade financeira, até mesmo como forma de assegurar sua autonomia editorial. Além disso, entre as mais importantes conquistas das editoras universitárias nas últimas décadas, destaca-se que o livro acadêmico passou a ocupar lugares antes só preenchidos por livros de editoras comerciais, desde os eventos literários até as estantes – físicas e virtuais – de grandes redes de livrarias. Isso representa um enorme ganho na visibilidade e no impacto da ciência, mas – é claro – existe um custo para que as editoras universitárias tomem parte na cadeia produtiva do livro. Dessa forma, elas precisam equacionar a contabilidade com seu compromisso maior, que é a disseminação dos conhecimentos científicos.

Uma boa estratégia pode ser a combinação de acesso aberto e comercial. A projeção do SciELO é chegar ao fim de 2013 com a mesma quantidade de livros nessas duas modalidades – hoje, ao lado dos 253 em acesso livre, estão 53 em acesso comercial. E estes também oferecem as suas vantagens. Em primeiro lugar, são significativamente mais baratos, se comparados aos respectivos exemplares em papel. E o usuário passa a ter o poder de escolha de como prefere ler aqueles livros, se no papel ou na tela. Isso sem contar a rapidez: o internauta compra e tem acesso ao produto imediatamente, em qualquer lugar, sem a necessidade de aguardar o envio do produto por correio ou transportadora.

Em vez de olhar as duas modalidades como incongruentes ou rivais, o melhor seria compreendê-las como duas fases de um mesmo processo de crescimento continuado das coleções de livros acadêmicos. “A decisão de publicar em acesso aberto ou comercial é da editora responsável pela publicação do livro. Mas, junto a elas, o SciELO vem promovendo diferentes linhas de ação para ampliar as fontes de financiamento e a disponibilidade de livros em aceso livre. Assim, livros na modalidade comercial podem, gradualmente, ser abertos”, explica Packer.

Logo, por determinação das editoras, alguns livros podem ser colocados diretamente em acesso livre, enquanto outros começam em acesso comercial, mas, após um tempo, são abertos. E esse planejamento pode também resultar na seleção de títulos que continuarão sendo impressos ou que passarão a ser produzidos somente sob a forma de e-books. Só que, antes dessas decisões, existe outra, que diferencia o SciELO Livros: todos os títulos lá encontrados, em qualquer modalidade, foram aprovados por um Comitê Consultivo, que busca atestar a qualidade científica e a relevância das obras publicadas.  

A Editora Fiocruz no SciELO Livros

A Editora Fiocruz, uma das idealizadoras do projeto, conta com 98 livros disponíveis, 84 em acesso aberto – e estes já contabilizam mais de 830 mil downloads de obras completas. O título Caminhos da Saúde Pública no Brasil, de Jacobo Finkelman (org.), lançado em 2002 e coeditado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), é o livro mais acessado não só da Editora Fiocruz, mas de toda a base SciELO Livros. Recém-Nascido de Alto Risco, Os Diários de Langsdorff (vols. 1 e 2) e Um Aprendiz de Ciência são outros exemplos bastante acessados do catálogo da Editora Fiocruz.

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