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19/05/2014

Pesquisadores afirmam que é pequena a chance de epidemia de dengue na Copa

Cristiane d'Avila


Os pesquisadores Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde, e Marília Sá Carvalho, do Programa de Computação Científica, ambos da Fiocruz, são coautores de um artigo, publicado sábado (17/5) na revista científica inglesa The Lancet Infectious Deseases, sobre o risco de dengue durante a Copa do Mundo. O estudo, realizado entre fevereiro e abril deste ano, descreve um sistema de alerta desenvolvido para apontar o risco de epidemia de dengue em 553 microrregiões do Brasil, incluindo as 12 cidades onde os jogos serão realizados. A pesquisa foi conduzida por uma equipe interdisciplinar de climatologistas, especialistas em saúde pública e matemáticos da Espanha (Instituto Catalão de Ciências do Clima), Reino Unido (Met Office, Universidade de Exeter) e Brasil (Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde e Fiocruz).

O mosquito Aedes aegypti, um dos vetores da dengue

 

Baseado em um modelo que utiliza informações climáticas para predizer a ocorrência de epidemia de dengue nas cidades dos jogos no período de realização da Copa, o artigo aponta que essa probabilidade é pequena. “Esse artigo foi inicialmente pensado em resposta a um certo alarmismo da mídia internacional sobre o risco aumentado de dengue. Resolvemos utilizar os modelos que desenvolvemos anteriormente para avaliar esse risco", esclarece Marília Carvalho.  

O estudo indica que haverá baixa incidência (menor do que 100 casos/100 mil habitantes) em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, e média (entre 100 a 300 casos) no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. "Considerando que o Ministério da Saúde define um risco alto como sendo acima de 300 casos para cada 100 mil habitantes, existe uma probabilidade de Recife, Fortaleza e Natal chegarem a esse número de casos ou mais. Mas a probabilidade disso acontecer não é alta: 19%, 46% e 48%, respectivamente. Considerando essa chance, acreditamos que a maior probabilidade é que não tenhamos epidemia. Além disso, o alerta permite que medidas pontuais sejam tomadas nessas cidades, diminuindo ainda mais essa chance", complementa Marília.

Segundo o estudo, o clima interfere na transmissão da dengue em regiões geralmente epidêmicas para a doença, caracterizadas por chuva e altas temperaturas. “Com o Observatório de Clima e Saúde, que disponibiliza informações sobre desastres climáticos e seus impactos em curto, médio e longo prazos sobre a saúde, foi possível obter informações de bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde, entre outros, para a pesquisa”, detalha o pesquisador Barcellos.

Segundo o coordenador do Observatório de Clima e Saúde, a principal contribuição do artigo é o modelo desenvolvido, incorporando informações climáticas, que permite predizer a chance de grande número de casos, com três meses de antecedência. Com essa antecedência, torna-se possível tomar medidas locais de controle da população de mosquitos nas cidades. “O verão de 2014 apresentou redução de 80% no número de casos de dengue, se comparado com o verão de 2013, pois tivemos um verão atípico, muito quente e seco. O mais importante é que esse sistema de alerta disponibiliza para a população e os espectadores que irão às cidades dos jogos informações que normalmente seriam divulgadas pela imprensa de forma superficial. Esse é um exemplo de prestação de serviço sobre clima e saúde pública relevante para todos”, considera Barcellos. 

Acesse aqui o artigo completo.

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