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14/06/2011

Pesquisa com policiais militares analisa os efeitos do chumbo no corpo

Isabela Martins


Ciente da ausência de pesquisas ligadas à concentração de chumbo em policiais militares no Brasil, Marcio Luís Soares Bezerra apresentou, em sua dissertação de mestrado em saúde pública na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), os possíveis riscos que o metal oferece a esse grupo de profissionais. O trabalho, que tem como tema A exposição ao chumbo de militares alvejados por arma de fogo, mostra a correlação entre a localização dos projéteis nos corpos dos policiais e os níveis de vascularização das regiões atingidas, cujos efeitos no organismo podem causar também aumentos significativos nos sintomas neurológicos dos expostos.


 A pesquisa atenta para a principal medida a ser tomada no caso de policiais com munição e/ou fragmentos alojados em seus corpos, ou seja, a retirada destes, uma vez que esta permanência pode prejudicar os diversos sistemas do corpo, especialmente o neurológico

 A pesquisa atenta para a principal medida a ser tomada no caso de policiais com munição e/ou fragmentos alojados em seus corpos, ou seja, a retirada destes, uma vez que esta permanência pode prejudicar os diversos sistemas do corpo, especialmente o neurológico


O chumbo é um dos elementos mais comuns no meio ambiente, principalmente por conta das numerosas atividades industriais que favorecem a sua distribuição, podendo penetrar no organismo por meio da inalação, ingestão e por via dérmica. Os efeitos tóxicos do metal sobre os homens e animais afetam praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo, ocasionando a hiperatividade, perda da coordenação motora ou de memória, entre outros. "A exposição excessiva e prolongada ao chumbo pode levar a doenças renais progressivas e irreversíveis", alerta o pesquisador em sua dissertação.


De acordo com a pesquisa, o constituinte metálico de munições e granadas militares é basicamente o chumbo, uma vez que suas propriedades - dentre as quais a ductilidade e a fácil associação com outros minerais polimetálicos, como zinco, cobre e ferro - permitem melhor desempenho mecânico e físico do produto final. "Sujeitos alvejados por munição de arma de fogo e que possuem projétil ou fragmentos alojados em seus corpos apresentam uma fonte endógena de chumbo. Já policiais militares que frequentemente passam por situações de fogo cruzado estão mais suscetíveis a serem alvejados e, dependendo da situação, acabam permanecendo com projéteis alojados nos seus organismos", destaca Bezerra.


Com o apoio da Diretoria-Geral de Saúde da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o estudo comparou os níveis de chumbo no sangue de 15 policiais alvejados por armas de fogo com um grupo controle, formado por aqueles que não relataram contato ocupacional ou acidental com o metal. Por meio de questionário de pesquisa e análise biológica de materiais, a pesquisa atenta para a principal medida a ser tomada no caso de policiais com munição e/ou fragmentos alojados em seus corpos, ou seja, a retirada destes, uma vez que esta permanência pode prejudicar os diversos sistemas do corpo, especialmente o neurológico.


Bezerra formula equações que predizem a quantidade de chumbo sanguíneo nos policiais militares com projéteis alojados em seus organismos e recomenda, em sua dissertação, que sejam executados mais estudos sobre tais índices de contaminação por projéteis alojados, uma vez que é possível afirmar que a contaminação por chumbo é uma realidade no ambiente de trabalho desses profissionais, e os riscos que o metal oferece não só àqueles que possuem algum projétil ou fragmentos alojados, mas também aos demais profissionais da segurança pública não devem ser ignorados. "Agindo dessa forma, contribuirão sobremaneira para a preservação da saúde dos seus quadros e para a melhoria da qualidade de vida deles, além de diminuir os custos relativos aos tratamentos dos efeitos da contaminação pelo chumbo", encerra o pesquisador.


Publicado em 13/6/2011.

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