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28/03/2012

Livro que registra a trajetória da virologia no Rio de Janeiro ganha nova edição


Em uma iniciativa pioneira, o livro A virologia no Estado do Rio de Janeiro: uma visão global, escrito por Hermann Schatzmayr e Maulori Cabral, recupera a memória das pesquisas e dos estudos em virologia, iniciados com a chegada da Corte portuguesa, em 1808, no contexto da epidemia de varíola. Nas páginas da obra, história e biologia se complementam: os autores recuperaram personagens como o marquês de Barbacena, que importou a vacina da Europa para combater a varíola. Citam também o trabalho de Oswaldo Cruz no processo de urbanização do Rio e suas ações para o controle da varíola, peste e febre amarela. O sanitarista erradicou a varíola na capital da República, diminuindo de 3,5 mil óbitos em 1904 para apenas seis em 1906. Leia o livro aqui.


 Chefe do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do IOC, desde 1975 Monika dedica-se à virologia estrutural e tem mais de 300 trabalhos publicados (Foto: Gutemberg Brito)

Chefe do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do IOC, desde 1975 Monika dedica-se à virologia estrutural e tem mais de 300 trabalhos publicados (Foto: Gutemberg Brito)






O livro acaba de ganhar uma nova edição, atualizada pela pesquisadora Monika Barth, colega de trabalho e viúva de Hermann. A obra homenageia personalidades como Hélio e Peggy Pereira, cientistas que muito se empenharam na consolidação das atividades em virologia no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e remonta a trajetória das pesquisas com vírus no país. Nesta segunda edição, revisada e ampliada ainda por Schatzmayr, foram acrescentados dados que servissem de referência para um conhecimento ainda melhor da virologia no Estado do Rio, incluindo novas ilustrações, tendo como base a evolução científica da especialidade no estado. “A grande aceitação da primeira edição nos estimulou a apresentar uma segunda edição mais ampla, em especial, nos aspectos históricos”, explica a pesquisadora. A forte vocação turística do Rio faz do estado uma grande porta de entrada de novas viroses, como aconteceu com os sorotipos 1, 2, 3 e 4 da dengue. “O fluxo crescente de pessoas do país e do exterior, em especial no verão, geram risco de aparecimento de novas viroses por aqui”, alerta.


O livro


Outras epidemias do passado ocorridas no Rio de Janeiro foram lembradas pelos autores, como a febre amarela, responsável pela morte de 58 mil pessoas, entre 1850 e 1902, a gripe espanhola, ocorrida em 1918, infectando cerca de 700 mil, e a poliomielite, erradicada apenas em 1994 do Brasil. No livro, Schatzmayr reforça a necessidade de prevenção da dengue e da Aids, duas doenças virais que têm causado epidemias com importantes impactos socioeconômicos. Além do IOC, o livro também mapeia o trabalho de outras instituições que pesquisam vírus no Rio, como as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Fluminense (UFF), o Instituto Vital Brasil, o Hemorio, entre outras.


Para Monika, o livro, que é referência na especialidade, tem atributos capazes de estimular novos estudos. “Espera-se que esta obra sirva de motivação para que outros grupos venham a relatar a história da virologia em outras regiões do país, de forma que, ao longo do tempo, consiga-se uma rica documentação sobre o assunto”, ressalta.


Publicado em 28/3/2012.

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