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21/05/2008

Inovação é objetivo comum para o Complexo Industrial da Saúde

Fernanda Marques


No Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz, os investimentos anuais em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) devem subir de R$ 21 milhões, em 2007, para R$ 50 milhões, em 2012. Foi o que afirmou nesta terça-feira (20/5) o diretor do Instituto, Akira Homma, durante o Seminário sobre o Complexo Industrial da Saúde, no auditório do BNDES, no Rio de Janeiro. Biomanguinhos, que atua nos segmentos de vacinas, kits para diagnóstico e biofármacos, também registrou aumento no número de profissionais envolvidos com PD&I: em 2003, eles eram pouco menos de 50 e, hoje, são quase 150.


 O ministro José Gomes Temporão (ao centro) em sua participação no seminário (Foto: Luiz Ackermann)

O ministro José Gomes Temporão (ao centro) em sua participação no seminário (Foto: Luiz Ackermann)


O seminário também contou com a participação da diretora da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Instituto Butantan, Hisako G. Higashi, que ressaltou o papel estratégico dos laboratórios públicos. “Eles possibilitam reduzir o preço e ampliar o acesso aos produtos, além de contribuírem para a auto-suficiência do país”, disse Hisako. “No Brasil, que tem cerca de 3 milhões de nascimentos ao ano e, portanto, uma grande demanda por vacinas, a dependência de importações nesta área seria uma vulnerabilidade para o país”, completou Akira.


De acordo com o diretor de Biomanguinhos, o Brasil tem uma produção de vacinas sustentável e ocupa posição privilegiada na América Latina. Segundo os cálculos de Akira, mais de 80% das doses adquiridas pelo governo brasileiro são nacionais. Contudo, novas vacinas disponíveis no mercado internacional encontram dificuldades para ser incorporadas no Brasil, devido ao custo elevado e à complexidade tecnológica. Este é um dos exemplos que demonstram a importância dos esforços para o desenvolvimento de tecnologias e a inovação no âmbito do Complexo Industrial da Saúde.


A inovação em saúde foi um tema bastante discutido no seminário, que teve mais de mil inscritos, entre representantes do governo, da academia e das empresas. “Inovação é uma questão de sobrevivência”, disse o presidente do laboratório farmacêutico Cristália, Ogari Pacheco.


Já o diretor geral de Operações da Ache, José Ricardo Mendes da Silva, apontou a biotecnologia como um espaço de crescimento para o setor farmacêutico, com possibilidade de colocar o país em lugar de destaque no cenário internacional. Para isso, ele enfatizou a importância do diálogo entre a esfera pública e a privada. “Podemos auxiliar o governo a reduzir a pauta de importações”, afirmou o palestrante enquanto comentava os planos de implantar uma planta para produtos biotecnológicos no Brasil.


Outro representante do setor privado no evento era o diretor de Novos Negócios da Eurofarma, Wolney Alonso. Ele contou que a empresa investe 4,7% de seu faturamento, isto é, cerca de US$ 23,5 milhões, em projetos de inovação – números que constituem exceção num país onde as empresas, tradicionalmente, investem pouco neste tipo de atividade.


A inovação também foi o mote do discurso do chefe do Departamento de Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos do BNDES, Pedro Palmeira, que apresentou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde, chamado de Novo Profarma. O palestrante indicou que, dos cinco segmentos que compõem a iniciativa – produção, exportação, reestruturação, produtores públicos e inovação –, esta última deve constituir o principal foco da ação.


Entre os objetivos originais do Profarma, que teve início em 2004, estava a redução do déficit da balança comercial na área farmacêutica. “Este objetivo permanece, mas agora ele é formulado em outros termos: trata-se de contribuir para o aumento da competitividade do parque industrial farmacêutico instalado no Brasil”, explicou Palmeira.


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