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07/12/2010

IFF/Fiocruz torna-se Centro Colaborador da Opas/OMS sobre cegueira na infância

Irene Kalil


A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) confirmou a designação do Instituto Fernandes Figueira (IFF), unidade dedicada à saúde materna e infanto-juvenil da Fiocruz, como Centro Colaborador sobre Cegueira na Infância no período de 2010 a 2014. A consulta havia sido feita ao Ministério da Saúde brasileiro pela diretora da Opas/OMS, Mirta Roses Periago, em outubro passado.


 O mapeamento de retina, realizado em recém-nascidos prematuros de muito baixo peso, é utilizado no diagnóstico da retinopatia da prematuridade, doença que pode levar à cegueira

O mapeamento de retina, realizado em recém-nascidos prematuros de muito baixo peso, é utilizado no diagnóstico da retinopatia da prematuridade, doença que pode levar à cegueira


Por meio do Departamento de Neonatologia e da sua Unidade de Pesquisa Clínica (UPC), o IFF participará da articulação de estudos e pesquisas na área, incluindo atividades de aconselhamento médico para cuidado ocular neonatal em cooperações técnicas com países da América Latina e Caribe; organização de oficinas sobre retinopatia da prematuridade (ROP) dirigidas a enfermeiras, neonatologistas e oftalmologistas e abertas à presença de governantes locais na América Latina; desenvolvimento de material educativo para profissionais e serviços de saúde; e aperfeiçoamento da qualidade da informação disponível sobre cuidado neonatal.


Desde 2004, o Departamento de Neonatologia e a UPC-IFF têm apoiado a implementação de programas de triagem e tratamento da ROP no Brasil e em outros países da América Latina. Nacionalmente, o trabalho vem sendo desenvolvido em diversas capitais, como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém. No exterior, países como Argentina, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Venezuela já foram beneficiados.


A importância da prevenção


Segundo a OMS, as principais causas da cegueira na infância variam de região para região e são determinadas, em grande medida, pelo desenvolvimento socioeconômico e pela disponibilidade e eficácia dos serviços de atenção primária e de cuidado ocular. A retinopatia da prematuridade é apontada como uma importante causa da cegueira nos países em desenvolvimento, ao lado de causas comuns também em países mais ricos, como catarata, anomalias congênitas e distrofias hereditárias da retina. Mas especialistas afirmam que, em pelo menos metade das crianças que estão cegas hoje, a causa inicial poderia ter sido prevenida ou a condição ocular poderia ter sido tratada para preservar a visão ou mesmo restaurá-la.


No Brasil, a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira estima que 33 mil crianças são cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente e que pelo menos 100 mil têm alguma deficiência visual. O teste do olhinho ou do reflexo vermelho, realizado antes da alta hospitalar e repetido ao longo dos primeiros dois anos de vida do bebê, é capaz de identificar, logo nas primeiras horas após o nascimento, problemas oculares que podem prejudicar o desenvolvimento da visão, como catarata infantil, glaucoma, infecção ou tumor intraocular (retinoblastoma), descolamento de retina e malformações oculares. O exame compõe a chamada “triagem neonatal” e já é oferecido em algumas maternidades conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), como aquelas vinculadas à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.


Publicado em 3/12/2010.

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