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29/04/2010

HPV: especialista norte-americana apresenta estratégias alternativas para exame

Marcelo Garcia e Renata Fontoura


O diagnóstico do Papilomavírus Humano (HPV) é baseado no exame de Papanicolau, recomendado como método de rastreamento de lesões precursoras do câncer de colo de útero. Em sua palestra durante o Simpósio Internacional de Pesquisa em HPV, na manhã de hoje (29/04), a pesquisadora norte-americana Patti Gravitt, da Jonhs Hopkins University, reforçou a importância do desenvolvimento de estratégias alternativas para rastrear este tipo de câncer, destacando a utilização de novas técnicas moleculares para a análise do DNA do HPV e a possibilidade de auto-coleta de amostras para o diagnóstico. O evento, realizado pela Fiocruz em parceria com o Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Johns Hopkins University (Estados Unidos) e Instituto Nacional de Câncer (INCA), acontece nos dias 29 e 30 de abril, no Rio de Janeiro.


 Em palestra, na manhã de hoje (29/04), a pesquisadora norte-americana Patti Gravitt, da Jonhs Hopkins University, reforçou a importância do desenvolvimento de estratégias alternativas para rastrear câncer de colo de útero (Foto: Gutemberg Brito) 

 Em palestra, na manhã de hoje (29/04), a pesquisadora norte-americana Patti Gravitt, da Jonhs Hopkins University, reforçou a importância do desenvolvimento de estratégias alternativas para rastrear câncer de colo de útero (Foto: Gutemberg Brito) 


“As estratégias alternativas como as que incluem os testes de DNA do HPV e a autocoleta de amostras podem contribuir para rastrear o câncer em determinadas populações, que têm dificuldade em chegar às unidades de saúde para fazer o exame”, pontuou Patti Gravitt.


Durante sua exposição, a pesquisadora apresentou resultados já alcançados em pesquisas desenvolvidas na área. Ela apresentou resultados de um estudo realizado numa região rural da Índia, onde historicamente não se conseguiu implementar com sucesso o exame citopatológico. O estudo reforçou outros resultados apresentados em pesquisas em diversas regiões do mundo que ressaltam a grande sensibilidade dos testes moleculares, em relação aos testes citológicos atualmente utilizados como padrão.


Além disso, também reforçou as possíveis vantagens da utilização da autocoleta no rastreio da doença. “Muitas mulheres apresentavam grande resistência a realizar os testes tradicionais, por diversos motivos, como o fato de não apresentarem sintomas ou por considerá-los muito invasivos”, contou. A análise molecular das amostras coletadas em casa, pelas próprias mulheres, apresentou resultados comparáveis com aqueles coletados em exames convencionias, relatou Gravitt. “A autocoleta pode ser muito importante para a realização do rastreio da doença. Poderíamos aumentar a cobertura do rastreamento em mais de 50%”, acredita.


Além de menos invasiva, a autocoleta também apresenta outras vantagens, segundo a pesquisadora. “A infraestrutura necessária para esse tipo de rastreio é muito menor. Podemos levar o exame a essas mulheres, a necessidade de treinamento é mínima e o custo também é menor, já que não é necessário nenhum material caro para a realização da coleta. O agente de saúde pode ir até as casas, entregar o coletor para as mulheres, que farão elas mesmas o exame, de forma rápida e simples, podendo enviá-lo, inclusive, pelo correio, sem necessidade de refrigeração”, explica.


Tanto a utilização da autocoleta quanto os métodos moleculares de diagnóstico de HPV, no entanto, também apresentam desvantagens e questões a serem respondidas segundo a pesquisadora. “A especificidade das técnicas moleculares não é tão alta, ou seja, é difícil determinar as lesões com mais chances de se desenvolverem em câncer, em especial entre populações mais jovens, com grande incidência de HPV”, avaliou. “Já em relação à autocoleta, a metodologia não apresenta tanta sensibilidade, mas é preciso impedir que o ótimo seja inimigo do bom. Precisamos aumentar a capacidade de rastreamento na população, por isso pode ser muito interessante utilizar uma técnica que possibilite isso, mesmo que menos sensível. Além disso, novos procedimentos de autocoleta continuam em desenvolvimento e é preciso definir qual tipo de autocoleta deverá ser implementado.”


A especialista defendeu que o desenvolvimento de testes específicos para detecção de marcadores de neoplasia cervical será um dos principais desafios dos próximos anos para a pesquisa na área. “O campo de investigação diagnóstica do HPV deve centrar-se no desenvolvimento de um teste mais específico, que permita diferenciar o HPV de alto risco”, finalizou.


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Publicada em 29/4/2010.

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