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28/08/2015

Filósofo Pierre Levy aborda inteligência coletiva em último dia de seminário

Danielle Monteiro e Erika Farias


O seminário Educação, Saúde e Sociedade do Futuro, promovido pela Fiocruz, terninou na quinta-feira (27/8) com a palestra Educação e comunicação: desafios para uma cultura de responsabilidade de colaboração em redes, ministrada pelo filósofo francês Pierre Levy. Confira o vídeo da conferência de Pierre Levy.

  

Pierre Levy na conferência de encerramento do seminário promovido pela Fiocruz (Foto: Peter Ilicciev)

 

Levy deu início à palestra trazendo à tona a temática inteligência coletiva (conceito que descreve um tipo de inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades) sob diferentes pontos de vista. Levy contou que a Humanidade vivenciou até então quatro revoluções culturais em suas habilidades linguísticas: a criação dos escribas (grupo restrito de pessoas no Antigo Egito ao qual era permitido o conhecimento exclusivo da leitura e escrita), a alfabetização, a tipografia e, finalmente, a atual fase, a algorítmica. Segundo ele, um estágio não elimina o outro e nenhum deles vai se extinguir, pelo contrário, eles vão sempre coexistir. “Estamos vivenciando atualmente uma etapa na qual os símbolos podem ser acessados de qualquer local ou parte do mundo. As informações são transformadas em algoritmos”, disse. Nem todos podem controlar esses dados ou algoritmos, atentou Levy. Mas todos podem ter acesso a eles. “Se as ‘tribos’ entenderem esses algoritmos e se esses algoritmos preencherem suas necessidades, aí sim estaremos no caminho para a inteligência coletiva que deve ser alcançada”, afirmou.

A inteligência coletiva, segundo o filósofo, é formada por coisas, pessoas e suas relações, e uma rede de mensagens. Todos esses aspectos são interdependentes. Para a construção da inteligência coletiva, Levy diz que é essencial que as pessoas construam sua própria base de dados. E a essa construção o filósofo dá o nome de “curadoria de dados”. “A curadoria de dados é uma das principais formas de uso do novo sistema de comunicação para o desenvolvimento da inteligência coletiva”, afirmou.

Segundo Levy, a curadoria de dados é formada pela inteligência pessoal, pela análise crítica de fontes e pela inteligência coletiva. Para construir a inteligência pessoal são necessárias fontes, hipóteses e categorização da informação. Para a construção da análise crítica de fontes, Levy defende que é preciso diversificar as fontes, comparar o que elas dizem e comparar o que estão dizendo com o que elas de fatos estão fazendo.

Já a inteligência coletiva, para o filósofo, é caracterizada por um aspecto interessante: uma comunicação similar a das formigas, que deixam rastros umas às outras de forma que cada uma saiba onde se encontra o alimento. É esse tipo de comunicação que acontece na Internet. “Toda vez que deixamos rastros transformamos toda a memória coletiva. E sob isso temos grande poder e responsabilidade”, ressaltou.

Ainda no campo da inteligência coletiva, existe um outro aspecto, segundo Levy: o aprendizado coletivo, que é caracterizado pela transformação do conhecimento tácito (aquele que o indivíduo adquiriu ao longo da vida pela experiência, sendo pessoal e complexo) para o explícito (conhecimento formal e sistemático, expresso por números e palavras, facilmente comunicado e compartilhado em dados, informações e modelos) e do explícito para o tácito. “Não se pode ter um aprendizado colaborativo sem uma curadoria de dados”, concluiu o filósofo.

Atividades ao longo do dia

Durante a tarde também aconteceram rodas de conversa, realizadas em diversos espaços do campus Manguinhos. Jogos e audiovisual na educação; empatia, colaboração e experimentação em tempos de cultura digital: design thinking para educadores; integridade na pesquisa e na comunicação científica, e a relação entre a arte e a educação na formação em saúde foram alguns dos temas debatidos.

Fechando o evento, foram anunciados os vencedores do Prêmio Ensaio Alunos, concurso de redação cujo tema foi Educação, saúde e sociedade do tuturo: olhares e percepções dos alunos da Fiocruz, assunto foco do seminário. Antes da entrega dos prêmios, o presidente da Fundação, Paulo Gadelha, fez uma breve análise sobre o evento. “A Fundação precisava desse momento, que foi pensado com muito carinho. Os temas que foram tratados são, talvez, a raiz mais profunda de nossa missão”, disse.

Foram agraciados na categoria nível médio, a estudante Nicole Luiza, do Programa de Vocação Científica do Intituto Oswaldo Cruz (IOC), que ficou em primeiro lugar e Matheus Rodrigues, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), em segundo. Na categoria Lato Sensu, o primeiro lugar ficou para Maíra Alcântara, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), enquanto Joelma de Miranda, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), ficou com o segundo. Já na categoria Stricto Sensu, Eduardo Henrique, do IOC conquistou o primeiro lugar; Janete Gonçalves, da Fiocruz Minas, garantiu o segundo. 

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