Início do conteúdo

14/11/2013

Especialista aborda a questão do diabetes

Danielle Monteiro


A data de 14 de novembro marca a luta contra o diabetes, doença que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, afeta 350 milhões de pessoas no mundo. Estima-se que, somente no Brasil, quase 20 milhões de indivíduos serão diabéticos até 2030. Para alertar sobre os males da doença e as formas de evitá-la, a Agência Fiocruz de Notícias entrevistou a nutricionista do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Sueli Rosa Gama.

Quais são os principais fatores de risco para o diabetes tipo 2? Além da obesidade, que outros distúrbios metabólicos podem estar associados ao diabetes tipo 2?

Sueli: O diabetes é uma doença multifatorial e os principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes do tipo 2 são a idade, o excesso de peso e da gordura abdominal, a inadequação alimentar com grandes quantidades de carboidratos simples, açúcares e lipídios, sedentarismo e tabagismo, a hipertensão arterial sistêmica e  a dislipidemia.

Qual a diferença entre diabetes tipo 1 e 2?

Sueli: De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes do tipo 1 é resultado de doença autoimune onde há a destruição das células betas do pâncreas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo contra as células beta, levando à deficiência de insulina. Para confirmar este tipo de diabetes, pode-se realizar exames de sangue para observar a presença dos seguintes anticorpos ICA, IAAs, GAD e IA-2, pois eles estão presentes em cerca de 85 a 90% dos casos de DM tipo 1 no momento do diagnóstico. E, em geral ,ele costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária.

Já o diabetes do tipo 2 resulta, em geral, de graus variáveis de resistência a insulina e deficiência relativa de secreção de insulina. A insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência insulínica, levando a um aumento da produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge o diabetes.

Quais são os sintomas do diabetes?

Sueli: No diabetes do tipo 2 os sintomas são lentos e podem passar despercebidos: sede, aumento da diurese, dores nas pernas, dormências, alterações visuais, cansaço, entre outros, e podem demorar vários anos até ser diagnosticado. Se não reconhecido e tratado a tempo, também pode evoluir para um quadro grave de desidratação e coma.

Os sintomas do diabetes do tipo 1, que é de um início relativamente rápido (alguns dias até poucos meses) são: sede, diurese e fome excessivas, emagrecimento importante, cansaço e fraqueza. Se o tratamento não for realizado rapidamente, os sintomas podem evoluir para desidratação severa, sonolência, vômitos, dificuldades respiratórias e coma. Esse quadro mais grave é conhecido como cetoacidose diabética e necessita de internação para tratamento. (Sociedade Brasileira de Endocrinologia)

Por que o diabetes tipo 1 ocorre mais na infância e adolescência?

Sueli: Por ser uma doença autoimune, o seu aparecimento ocorre mais nessa faixa etária.

O Brasil é o quinto país com maior número absoluto de diabéticos no mundo. A previsão é de que quase 20 milhões de brasileiros estarão diabéticos até 2030. A maioria são portadores do diabetes tipo 2. A que se deve o crescimento da doença no país?

Sueli: O aumento da prevalência da obesidade que está ocorrendo no país tem levado ao aumento do diabetes. A alimentação inadequada   favorecendo o aumento do consumo de alimentos ricos em açúcares de adição, gorduras trans., carboidratos simples e diminuição de alimentos pobres em fibras está trazendo este quadro epidemiológico no país.

De que forma o diabetes pode ser evitado?

Sueli: Como os fatores de risco estão relacionados ao estilo de vida, a prevenção como as mudanças nos hábitos alimentares, diminuição do sedentarismo e cigarro, controle do peso saudável são medidas que devem ser estimuladas. Na atenção primária, a promoção e a prevenção devem ser estimuladas    as mudanças no estilo de vida para evitar o aparecimento da doença e as suas complicações.

Que políticas públicas podem ser adotadas para reduzir a incidência da doença?

Sueli: Políticas de promoção de saúde e de alimentação e nutrição devem estar em sintonia para criar estratégias para melhorar o estilo de vida da população.

Se não tratada, que males a doença pode provocar?

Sueli: A doença não tratada ou tratada de forma inadequada pode trazer complicações nos rins, como neuropatia diabética, complicações na visão como a retinopatia diabética, complicações vasculares periféricas com complicações nos pés e doença cardiovascular.

Que alimentação é indicada para o portador da doença?

Sueli: A alimentação do diabético deve conter diariamente todos os grupos alimentares como os carboidratos complexos ricos em fibras, frutas e verduras, leguminosas diversas, carnes magras. Na escolha dos carboidratos dar preferência aos que têm baixo e médio índice glicêmico. Deve ser estimulado o uso de alimentos ricos em fibras, grãos e leguminosas, laticínios magros (leite e derivados) e água. E os alimentos ricos em gorduras saturadas/trans. e em açúcar precisam ser evitados. Os horários regulares das cinco refeições programadas são estratégias para manter o bom nível de glicemia na corrente sanguínea. E as porções alimentares adequadas nas diversas refeições também fazem parte da saúde alimentar do diabético.

Voltar ao topo Voltar