Início do conteúdo

08/05/2009

Adolescentes de Pernambuco usam a pílula do dia seguinte de forma incorreta

Fernanda Marques


Pesquisa com cerca de 4,2 mil alunos do Ensino Médio de Pernambuco mostrou que 35% deles nunca receberam informações sobre o método contraceptivo de emergência, mais conhecido como pílula do dia seguinte. Mais de 27% já tinham utilizado o método, na maioria das vezes de modo incorreto. Entre os que já tinham usado, 78% fizeram de forma errada, como tomar o medicamento antes do ato sexual ou ao notar o atraso da menstruação. O uso incorreto do método foi mais frequente entre adolescentes que residiam no interior do estado, se comparados aos da região metropolitana. O estudo – publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Fiocruz – é assinado pelas pesquisadoras Maria Suely Peixoto de Araújo e Laura Olinda Bregieiro Fernandes Costa, da Universidade de Pernambuco.


 O depoimento da maioria dos jovens pesquisados apontou para a construção de uma atitude favorável quanto ao uso do preservativo, porém também houve relatos de relacionamento sexual desprotegido

O depoimento da maioria dos jovens pesquisados apontou para a construção de uma atitude favorável quanto ao uso do preservativo, porém também houve relatos de relacionamento sexual desprotegido


“As formulações habitualmente usadas para contracepção de emergência são efetivas quando tomadas decorridas 72 a 120 horas pós-coito. No entanto, têm maior efetividade quando a primeira dose (ou a dose única) é administrada nas primeiras 12 horas”, explicam as autoras. Com o objetivo de descrever o comportamento sexual dos adolescentes, seu conhecimento sobre a contracepção de emergência e a forma de sua utilização, elas entrevistaram alunos de 76 escolas estaduais em 44 municípios pernambucanos.


Com idades entre 14 e 19 anos, quatro em cada dez entrevistados já iniciaram sua vida sexual. “A constatação de que 44,1% dos adolescentes pesquisados relataram ter iniciado vida sexual, sendo 5,7% com menos de 12 anos de idade e 30,9% na faixa etária dos 13 aos 14 anos, reflete uma situação crítica pela possibilidade de serem surpreendidos por uma gravidez inoportuna”, destacam Maria Suely e Laura. Entre os que já tiveram relações sexuais, 60% dos rapazes e 24% das moças contaram ter tido três ou mais parceiros.


A grande maioria disse ter usado camisinha na última relação sexual. “O depoimento da maioria dos jovens pesquisados apontou para a construção de uma atitude favorável quanto ao uso do preservativo, porém também houve relatos de relacionamento sexual desprotegido, procedimento que os torna vulneráveis às DSTs e a gestações precoces ou inesperadas”, ressaltam as autoras.


Também foi perguntado aos adolescentes quais suas principais fontes de informação sobre a contracepção de emergência. Os amigos foram mais citados como fontes do que os profissionais de saúde e os professores. “Os adolescentes recorreram aos amigos, provavelmente não preparados para isso, e, por conseguinte, podem ter recebido informações deformadas. O fato mais preocupante, porém, é a baixa participação dos profissionais de saúde como agentes de informação”, dizem as pesquisadoras.


Elas verificaram, por exemplo, que os jovens consideram monótonas e desinteressantes as palestras realizadas nos serviços de saúde. “Conclui-se haver a necessidade de desenvolver programas de educação sexual e reprodutiva efetivamente voltados para os adolescentes, numa linguagem mais próxima à sua realidade, para transformá-los em parceiros da adoção de condutas preventivas”.


Publicado em 7/5/2009.

Voltar ao topo Voltar